Toda curadoria é uma tentativa de síntese, mas ainda uma tentativa. Já no século passado, Freud soprava aos ventos que não seria possível explicar o tempo em que se vive, porque nessa observação o sujeito está interpelado pelo contexto que observa. Não haveria, então, distanciamento o suficiente, para uma reflexão justa. Porém, ainda que em uma tentativa, há uma literatura que ratifica a observação que: o tempo em que vivemos, contemporâneo, pós-moderno, fragmentado, produziu um sujeito que o espelha. Seja um movimento consciente ou não, o gesto de um artista, de um trabalhador das sensibilidades, reflete seu locus social, seu contexto e costumes. Assim, o que une esses artistas são suas relações consigo, com suas produções, mas sobretudo, com seu tempo, o agora. 

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Ao ladear os trabalhos de Anderson Peron, Daré, Diva Hando, Franco Canonico, Geciane Porto, Lui Risco, Marcia Cardoso, Marina Sardinha, Renata Lara, Renato Andrade, Silvana Cotrim optamos por ir em busca de pontos de convergência, aproximações e possíveis fronteiras, de fricções e diálogos. Onde esses trabalhos se encontram? E nós nos encontramos com o tempo. Com um microtempo, quase celular, fúngico, nano. Assim como, com o passado visível do universo. O presente está, assim como está o tempo do homem, o tempo das relações, o do planeta. As produções desses artistas, ao passo que são fincadas em suas identidades diversas (como deve ser), estão colhendo um fruto coletivo do tempo do homem: a forma como nos relacionamos com a efemeridade da vida.

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Nesse conjunto de obras, faz-se um convite à reflexão sobre o tempo e as temporalidades, sobre o agora, assim como, sobre nossa relação com o passado e futuro, memória e fabulação, utopia e distopia. Ao pensar sobre o tempo que os artistas aqui dispostos observam, é possível vislumbrar uma diversidade de afetações e elaborações plásticas que revelam nessa coletividade uma urgência pelo amanhã.

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Lucas Nascimento e Murilo Viola.